quinta-feira, 26 de junho de 2014

Senado analisa liberação do uso de inibidores de apetite. Maioria dos internautas é favorável, segundo enquete

INIBIDORES DE APETITE - O Senado Federal analisa o projeto de decreto legislativo (PDS 52/2014), que libera o uso de inibidores de apetite anfetamínicos. A proposta, de autoria do deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), susta a resolução RDC 52/2011 da Agência de Vigilância Sanitária – Anvisa, que dispõe sobre a proibição do uso das substâncias anfepramona, femproporex e mazindol, e também trata de medidas de controle de prescrição e distribuição de medicamentos que contenham sibutramina. O projeto foi aprovado pela Câmara dos Deputados em abril deste ano.
Em enquete realizada na segunda quinzena de maio, o DataSenado, em parceria com a Agência Senado, o internauta foi convidado a se posicionar sobre a seguinte pergunta: “Em 2011, a Anvisa restringiu a comercialização de inibidores de apetite no Brasil. Você é a favor ou contra o projeto que libera o uso desses medicamentos (PDS 52/2014)?”. A maioria, 62%, afirmou ser favorável à tal liberação.

A análise do projeto pelo Senado foi adiada por um pedido de vista coletiva e deve retornar à pauta na próxima reunião da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).

A proposta é defendida pela maioria dos senadores, mas a base governista pediu mais tempo para analisá-la. O projeto, já aprovado pela Câmara dos Deputados, é de autoria do deputado Beto Albuquerque (PSB-RS) e recebeu relatório favorável da senadora Lucia Vânia (PSDB-GO). Em sua avaliação, a Anvisa errou por fazer um decreto generalizado, com o intuito de evitar os abusos, sem ouvir os médicos.
Vários parlamentares se manifestaram lembrando que os inibidores de apetite são as únicas opções de pessoas que não podem esperar, por exemplo, por uma cirurgia bariátrica. O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) afirmou que, se não são ideais, os medicamentos são o que há de melhor em terapia farmacológica para tratamento da obesidade.
Ainda, foi considerada a possibilidade do surgimento de mercado ilegal desses remédios, o que causaria grandes danos à população.
- A proibição fecha a porta do tratamento e abre a porta para a morte. E a comunidade médica não foi consultada – lembrou ainda o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), presidente da CCJ.

Fonte: Senado Federal

APOIO DAS SOCIEDADES MÉDICAS - A Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade) sempre foi contra a suspensão da agência, destacando que, esses medicamentos, quando usados com o acompanhamento médico, são uma boa alternativa aos pacientes obesos.

Em entrevista à Thamires Andrade, do Portal Uol, a endocrinologista Maria Edna de Melo, diretora da Abeso, afirma que o problema não é o uso das substâncias, mas, sim, as doses exageradas que muitas pessoas tomavam sem qualquer tipo de acompanhamento. "Muitos compravam clandestinamente ou pegavam o remédio do amigo, pois a receita deles ficava retida nas farmácias exatamente para evitar o consumo desenfreado. Só que, ao invés de aumentar a fiscalização, a agência preferiu retirar a droga do mercado, o que afetou muito os pacientes com obesidade", avalia.

Ainda na reportagem do Uol, Maria Edna destaca que a opção aos endocrinologistas foi introduzir a sibutramina no tratamento. O problema é que não são todos os pacientes que respondem bem à medicação. "Muita gente voltou a ganhar peso, sem contar os que não podiam comprar os remédios mais caros, deixando o tratamento interrompido", relembra.

A endocrinologista lembrou que estudos provam que esses remédios, quando tomados na dose adequada e nos casos certos, não têm efeitos colaterais e auxiliam na mudança do comportamento alimentar. "Essa alteração não é fruto de ter força de vontade, mas são várias reações químicas cerebrais. Muita gente precisa do medicamento não só para comer pouco, mas para organizar essa nova rotina de alimentação. Cabe ao médico verificar se o paciente necessita disso e, em caso positivo, disponibilizar a dose adequada, pois não se sabe quando ele vai parar de tomar o remédio, já que a obesidade é uma doença crônica", ressaltou.

A Abeso também contesta a justificativa do presidente da Anvisa, Dirceu Barbano, de que a suspensão dos inibidores de apetite atende a uma questão de saúde, em razão de risco de hipertensão pulmonar, hipertensão arterial e distúrbios psiquiátricos com o uso desses produtos. Tanto a Abeso quanto outras entidades médicas participaram de reuniões e colocaram todas as evidências disponíveis a favor dos remédios. "Eles foram irredutíveis, parecia que a proibição já estava decidida, pois não houve uma discussão científica sobre o tema", afirmou.

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