domingo, 8 de junho de 2014

Dia Mundial do Meio Ambiente e a saúde cardiovascular

Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de maio) - Poluentes como o ozônio e partículas em suspensão no ar e até mudanças climáticas aumentam o risco não só de doenças pulmonares, mas também cardiovasculares.

A poluição do ar mata mais de 2 milhões de pessoas por ano. A mortalidade prematura associada à má qualidade do ar tende a se tornar o maior desafio ambiental do mundo, até mesmo superior ao de água e saneamento.

O trânsito mata - do coração
Os principais responsáveis por essas emissões são a indústria e o trânsito. Diversos estudos mostram que a tanto a poluição do ar como a poluição sonora e o estresse causados pelo trânsito favorecem a ocorrência de doenças cardiovasculares.

Leia, a seguir, uma perspectiva nacional do impacto do trânsito na saúde cardiovascular, da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Congestionamentos aumentam poluição que mata sete mil pessoas em São Paulo por ano

Coordenador do laboratório da USP diz que o maior problema são infartos e AVC induzidos pela má qualidade do ar

Da década de 1990 até 2006, a poluição foi cedendo em São Paulo, principalmente porque o material particulado (poeira) das fábricas se reduziu, mas, a partir de então, o aumento dos congestionamentos e o crescimento da frota de veículos fez que a poluição veicular fosse se agravando. Ela chegou a tal ponto que hoje sete mil pessoas morrem a cada ano em decorrência de doenças desencadeadas pela poluição, na Região Metropolitana, enquanto a cidade de São Paulo, sozinha, perde quatro mil vidas.

A informação é do professor de Patologia da USP e coordenador do Laboratório de Poluição Atmosférica Ambiental Paulo Saldiva. Ele conta que as dificuldades de trânsito e o aumento do preço dos imóveis “desindustrializaram” a cidade, com a transferência de milhares de fábricas para cidades próximas, o que melhorou a qualidade do ar.

Igualmente, a obrigatoriedade da venda de combustível com menos enxofre e a melhoria da qualidade dos catalizadores foram fatores positivos. Mas essas boas notícias foram ultrapassadas pelo efeito nefasto do aumento da frota e dos congestionamentos que fazem que cada veículo fique de motor ligado pelo menos mais uma hora por dia.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) comprovou que um em cinco casos de doença cardiovascular tem como causa a poluição de ar. A USP confirmou em testes com taxistas e agentes de trânsito que o fato de trabalharem na rua aumenta a pressão arterial e torna o sangue mais coagulável, o que leva ao incremento do risco de um problema vascular.

O que se pode fazer

Os cientistas dizem que a únicas medidas efetivamente eficientes para reduzir a poluição do ar seriam melhorar o transporte coletivo de baixa emissão e dificultar o uso do veículo individual. Como essas medidas são altamente impopulares, Saldiva acredita que ainda vai demorar para serem adotadas.

O que é possível fazer por enquanto é melhorar a alimentação como mecanismo de proteção:

• Aumentar a ingestão de frutas, verduras e legumes.
• Quando no automóvel, manter vidros fechados e ar condicionado ligado.
• Privilegiar o trabalho em casa, em vez de ir à fábrica ou ao escritório.

O Dia Mundial do Meio Ambiente está aí, 5 de junho, um bom motivo para mudança de hábitos. Conheça a seguir quais são os impactos da poluição no coração:

Os quatro efeitos 
O professor Saldiva lista os efeitos nocivos da poluição:

1. A exposição ao ar de São Paulo ao longo do dia (nas ruas) aumenta a pressão diastólica em 15 mm de mercúrio. Não é muito problema para quem tem 12 x 8, mas o risco dos hipertensos aumenta muito.

2. De forma subclínica, os fatores de coagulação se exacerbam, aumentando o risco de uma trombose ou de um AVC.

3. A poluição é arritmogênica; quem tem marca-passo, desfibrilador implantado ou tendência a arritmia pode ter uma crise de arritmia em decorrência da estimulação dos receptores vagais no pulmão.

4. A poluição do ar reduz a capacidade de vasodilatação, isto é, quando o organismo tenta aumentar o diâmetro dos vasos sanguíneos a reação não é tão eficaz como em uma pessoa que respira ar puro.

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