quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Por que não optar pelas "novas" técnicas de cirurgia bariátrica?

Os pacientes ficam curiosos sobre as "novas" técnicas de cirurgia bariátrica (para obesidade ou diabetes).
Tem uma "do intestino", ou que "não corta o estômago", feita não sei onde... Outra que "puxa o intestino de lá e põe acolá", que ficou famosa... Tem a que "só põe um anel"; aquela "sem corte, na qual se põe um balão dentro do estômago"; para aumentar a dúvida, pode-se escolher "um corte no meio da barriga" ou "só com uns furinhos".
A ansiedade por vencer a obesidade ou o diabetes é grande, vive-se a esperança de um tratamento que resolva o problema de uma vez.
Por outro lado, há um preço a pagar: existem efeitos colaterais, que em uma minoria dos casos superam os benefícios. Há gente que vá muito bem depois da cirurgia, mas há uma minoria que não fica feliz.
Afinal, o paciente não pode levar mais e pagar menos? Menos efeitos colaterais, menos privação de comida, menos cortes, menos manipulação... Uma cirurgia mais "moderna" ou até "revolucionária", ou mais promessa de cura?
As operações clássicas, o bypass gástrico com anel (de Fobi-Capella) e a derivação biliodigestiva (por ex., de Scopinaro) continuam a ser a maior garantia de sucesso em longo prazo, apesar dos eventuais efeitos colaterais.
Técnicas que "mexem só no estômago" ou "só no intestino" em geral tem grande chance de recuperação de peso e de recorrência do diabetes... Algumas dessas, como o anel gástrico ajustável, são aceitas pela comunidade médica por haver evidência suficiente para seu uso, apesar das limitações. O balão intra-gástrico é outro exemplo, mas é um tratamento não-cirúrgico e temporário (deixado dentro do estomâgo no máximo 6 meses) e por isso serve como preparo para a cirurgia bariátrica. 
Alguns médicos mostram resultados "excelentes" com técnicas que "só são feitas por eles" - a propaganda deles é isenta ou esconde interesses comerciais? Outros cirurgiões não as fazem por que não há evidência de que sejam melhores. Em alguns casos, o procedimento "novo" precisa de "aprimoramentos" para ficar melhor - e mais parecido com as operações clássicas...
Novas cirurgias, ou a indicação para pessoas com pouco excesso de peso, precisam de validação no meio acadêmico e um respaldo de comitês de ética médica; em geral, surgem nas universidades, como a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), com critérios de seleção objetivos.
Enquanto isso, se você precisar de uma cirurgia para obesidade ou diabetes, pese os benefícios e o preço (riscos) a pagar. O objetivo estético não vale a pena mas doenças graves podem valer. Neste caso, se vai ser "cortar a barriga" (cirurgia aberta) ou "com furinhos" (videolaparoscópica) será um detalhe.

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